Já está no ar o Registro Global de Mortes Violentas (GReVD a sigla em inglês), iniciativa que pretende catalogar todas as mortes violentas, codificadas por hora e local. O objetivo é saber se o mundo conseguiu reduzir significativamente as mortes violentas até 2030. Contar com precisão as mortes violentas é uma das metas de Desenvolvimento Sustentável (a 16.1). O GReVD vai integrar dados de várias fontes em uma única contagem, lembrando-nos de maneira vital que toda entrada é uma pessoa.

O principal uso do registro será o monitoramento e a contagem de mortes violentas como parte importante do monitoramento das tendências globais da violência. Além disso, espera-se que o banco de dados seja um registro importante e reconhecimento de vidas perdidas pela violência.

 

História do GReVD

Em novembro de 2018, o SIPRI (Stockholm International Peace Research Institute) e a Brookings Institution reuniram um pequeno grupo de especialistas para discutir os desafios de medir e monitorar a “Violência Política Irregular”. Trata-se de guerras híbridas, proliferação de grupos armados e violência política que não se organiza como guerra.

Durante essa discussão, os participantes reconheceram os desafios de rastrear formas díspares de violência, uma vez que frequentemente contam como homicídios intencionais, terrorismo e mortes relacionadas a conflitos. De fato, foi reconhecido que muitos atores não estatais podem estar adaptando suas táticas e usando formas de violência não registradas / monitoradas para permanecer “abaixo do radar”. Além disso, foi reconhecida a disparidade entre a qualidade dos dados administrativos globais e os coletados pelos grupos de monitoramento de especialistas.

Um dos maiores desafios para monitorar o progresso da meta 16.1 é a dificuldade de rastrear “taxas de mortalidade relacionadas em todos os lugares”. Nesta reunião, os especialistas concordaram com a importância do monitoramento global unificado das taxas de mortalidade violenta como um primeiro passo para melhorar o acompanhamento do ODS16.1 para 2030.

O conceito de um Registro Global de Mortes Violentas nasceu dessa reunião e começou a tomar forma no início de 2019, antes do início do Fórum Político de Alto Nível sobre o ODS 16 em junho.

GReVD hoje

No total, 12 membros participam do consórcio, com o apoio de outras organizações. Essas instituições e a crescente rede conectada ao GReVD representam coletivamente a principal experiência global no monitoramento de mortes violentas.  No Brasil, a parceria conta com a participação do Instituto Igarapé, uma agência independente dedicada à integração das agendas de segurança, clima e desenvolvimento.

O financiamento da Swedish Postcode Foundation possibilitou esse crescimento, apoiando iniciativas de pesquisa combinadas, solução coletiva de problemas em questões de codificação e coleta de dados para preencher o registro.

Além disso, a UK Aid apoiou o Relatório de Lacunas. O tempo de pesquisa também foi apoiado pelo Ministério de Relações Exteriores da Suécia.

Foi assumido um compromisso coletivo de desenvolver a infraestrutura para registrar a hora e o local de cada morte violenta. Essa tarefa desafiadora levará alguns anos para ser concluída. Nesse momento, formuladores de políticas, pesquisadores, políticos, jornalistas, ativistas e cidadãos terão todos os dados necessários para saber onde está ocorrendo a pior violência. Saber também quais são as tendências nas mortes violentas e poder avaliar melhor as abordagens para reduzir a violência.

 

Como será feito o relatório

Para construir a infraestrutura necessária para o monitoramento, serão necessários novos padrões de codificação, inovações e maior precisão. As inovações das tecnologias e práticas serão compartilhadas dentro do consórcio e, posteriormente, compartilhadas com os governos dos países afetados pela violência. O consórcio está empenhado em ajudar os países e a sociedade civil a melhorar seu monitoramento da violência, pois será um componente importante da promoção da redução da violência global.

O grupo é composto por especialistas globais em monitoramento e codificação de dados de eventos violentos, ciência de dados, visualização e capacitação estatística. O consórcio é convocado pela Brookings Institution e pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI), que atuam como secretariado e pontos focais do consórcio.

São parceiros na iniciativa: SIPRI e The Brookings Institution, The Armed Conflict Location & Event Data Project, CIDCM no University of Maryland, cPASS no UC San Diego, Cline Center for Advanced Social Research, CMU CREATE Lab, GTD no University of Maryland, Instituto Igarapé, Instituto Igarapé, Peace Research Institute Oslo (PRIO), Peace Research Institute Oslo (PRIO), Small Arms Survey e Uppsala Conflict Data Program (UCDP).

Quem quiser acompanhar a iniciativa é só acessar https://grevd.org/.