O país tem 1,151 milhão de armas legais nas mãos de cidadãos — 65% mais do que o acervo ativo de dezembro de 2018, que era de 697 mil. Os dados são inéditos e foram obtidos via Lei de Acesso à Informação junto ao Exército e à Polícia Federal (PF), em uma parceria do GLOBO com os Institutos Igarapé e Sou da Paz.
O aumento mais expressivo, de 72%, se deu no registro da Polícia Federal, que contempla as licenças para pessoas físicas. O número passou de 346 mil armas de fogo, em 2018, para 595 mil, no fim de 2020. Nos caso os armamentos registrados pelo Exército, que atendem aos Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CACs), a elevação, no mesmo período, foi de 58%: passou de 351 mil para 556 mil. Tanto num quanto noutro órgão, o salto não é explicado apenas pelas novas armas de fogo, mas também por registros expirados que foram renovados.
Os dados analisados foram desmembrados e excluem o armamento em poder de empresas de segurança privada, clubes de tiro, policiais e integrantes das Forças Armadas, tornando o resultado o retrato do volume de armas na mão dos “cidadãos comuns”.
CAC’s
Para o grupo dos CACs, que tradicionalmente já tinha acesso a armas mais potentes, a lei beneficiou em especial os atiradores esportivos. O competidor, que antes podia comprar 16 armas de fogo e 60 mil munições ao ano, agora tem acesso, independentemente da experiência, a até 60 armas (30 de uso permitido e outras 30 de uso restrito) e 180 mil munições.
Uma das alterações de maior impacto, ainda anterior ao governo Bolsonaro, diz respeito ao deslocamento da arma. Pela nova regra, atiradores e colecionadores podem portar a arma municiada quando estão indo ao clube de tiro, competição ou exposição do acervo. Na prática, isso cria uma zona cinzenta na regra: o porte individual segue sendo proibido, mas é difícil provar a intenção de deslocamento de uma pessoa e fiscalizar seu trajeto.
Fonte: Sou da Paz