O General de Exército Décio Luís Schons, atual Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), integrante do Alto Comando do Exército e Presidente do Conselho de Administração da Imbel, publicou no site da empresa um longo artigo em que defende a independência da empresa.
De acordo com o militar, a Emenda Constitucional Nº 95/2016, que limitou o teto dos gastos públicos, afetou os limites orçamentários destinados à produção e trouxe fatos novos e necessidade de providências que estão fora da alçada do Conselho de Administração da Imbel. “Na situação atual, a empresa não consegue produzir, apesar de ter demanda, e, a despeito de ter numerário na conta única do Tesouro Nacional, lhe falta espaço orçamentário para adquirir insumos e pagar impostos”, explicou.
Com isso, as principais dificuldades, de acordo com o comandante, são a perda de capacidade estratégica, incluindo as competências para produzir materiais e sistemas de emprego militar, a depreciação das linhas de produção e a perda de funcionários.
Independência
Para resolver isso, de acordo com Schons, o Conselho de Administração tem como meta passa a empresa à situação de não dependência, de modo a recuperar a liberdade de ação para produzir aquilo de que o Exército, as demais Forças Armadas, os órgãos de segurança pública e o mercado necessitam, sem depender do orçamento federal para sua subsistência. “Mais que isso, a empresa precisa ter autonomia para gerar recursos próprios e ter a liberdade de ação para empregá-los na modernização de suas instalações e linhas de produção, para providenciar a substituição dos funcionários aposentados em posições críticas e cujas vagas continuam abertas. Mas, acima de tudo, a Imbel precisa voltar a ter condições de cumprir na plenitude a missão para a qual foi criada em 1975”, diz, sem, no entanto, dar detalhes de como seria esse plano de independência.
Apesar de ter proposto a independência da empresa, o coronel fala no texto que a privatização da empresa é algo impensável. “Esse passo seria mais um triste episódio da ação sistemática, há muito identificada, no sentido de negar ao Brasil uma expressão mais significativa na geração de capacidades militares”. “Privatizar a Imbel seria conduzir o Brasil a abster-se em definitivo de qualquer protagonismo na cena internacional”, disse.
De acordo com Schons, o texto visa informar ao povo brasileiro e solicitar das autoridades da área política e econômica soluções permitam conduzir a empresa no rumo da não dependência.
“Ressalto, embora isso não fosse necessário, que as ações propostas encontram-se em perfeita sintonia com a Política Nacional de Defesa e com a Estratégia Nacional de Defesa, documentos recentemente atualizados pelo Ministério da Defesa e ora submetidos à apreciação do Congresso Nacional.”, conclui.