Polícia Civil e Corregedoria da PM investigam caso do jovem assassinado no Jabaquara

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou, por meio de nota, que o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, está investigando se policiais militares estão envolvidos na morte de um jovem negro de 15 anos. A Corregedoria da Polícia Militar (PM) está acompanhando as investigações.

“A PM analisa as imagens citadas para identificar os policiais envolvidos e adotar as sanções cabíveis em relação às respectivas condutas”, diz o comunicado.

Em entrevista à Agência Brasil, o ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, afirmou que nota, que há atualmente, uma “exacerbação” na postura de policiais. Ele defende que os agentes que cometem excessos no exercício da função sejam punidos conforme prevê a lei. Além disso, disse que as arbitrariedades sejam devidamente monitoradas pelas autoridades governamentais.

“Qualquer tipo de atentado contra a vida de qualquer humano é uma coisa horrenda. Estamos no século 21 e não podemos compactuar com justiçamentos, motivo pelo qual precisamos apurar exatamente a autoria. Já estamos tomando providência quanto a isso. Vamos oficiar a secretaria e a Polícia Militar para esclarecer essas suspeitas que a comunidade tem sobre a autoria e, se forem confirmadas, tem que haver um tratamento rigoroso, tal qual solicitamos sobre a intervenção policial que teve em Barueri. Não podemos compactuar com ação policial ilegal, com agentes que deveriam, em tese, proteger a vida e fazem o contrário”, disse.

De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), 75,4% das pessoas mortas em intervenções policiais, nos anos de 2017 e 2018, eram negras. A maioria (99,3%) era do gênero masculino e tinha entre 15 e 29 anos (77,9%). No período, 11% das mortes violentas intencionais reportadas em todo o Brasil foram cometidas pela polícia.

 

Entenda o caso

A suspeita de que policiais militares tenham executado um jovem negro de 15 anos, identificado como Guilherme, em Vila Clara, distrito de Jabaquara, na zona sul de São Paulo, mobilizou a comunidade do bairro na noite desta segunda-feira (15). Durante a manifestação, foram incendiados sete ônibus e outros três foram depredados.

Vídeos que circulam pelas redes sociais mostram, ainda, que moradores bloquearam ruas para protestar. Em um dos registros, um grupo aparece formando uma corrente e agitando uma bandeira branca, enquanto reclama, com brados, por justiça.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública do estado de São Paulo (SSP-SP), um adolescente que participava do protesto foi detido e encaminhado ao 26º Distrito Policial, no Sacomã. Ele deve responder por dano qualificado e pelo crime de incêndio.

Conhecidos do adolescente Guilherme alegam que ele foi levado por dois homens armados e, depois de horas, encontrado com ferimentos a bala, na cabeça e nas mãos em Diadema, cidade do Grande ABC. O jovem desapareceu na noite de domingo (14).

 

Pedido de prisão

Investigações preliminares da Polícia Civil apontam que o sargento Adriano Fernandes de Campos, 41, do Baep (Batalhão de Ações Especiais) de São Bernardo do Campo seja um dos autores da morte do adolescente.

A investigação segue em andamento para confirmar a suspeita. Mas a Justiça de São Paulo já aceitou pedido da Polícia Civil e decretou a prisão temporária do sargento, que foi identificado por câmeras de segurança pouco antes da execução de Guilherme. O pedido foi feito pelo delegado Marcelo Jacobucci, que investiga o caso no DHPP (Departamento de Homicidios e Proteção à Pessoa).

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