O Fórum Brasileiro de Segurança Pública e a Decode, por meio de sua área de pesquisas, a Decode Pulse, firmaram parceria para desenvolver um estudo sobre preferências, símbolos e pautas ideológicas dos policiais do País.

O levantamento aproveitou o fato de que cada vez mais policiais manifestam-se publicamente nas redes sociais sobre diversos assuntos, com destaque para política e religião, para conhecer opiniões, sentimentos, visões de mundo e crenças que movem tais profissionais. Um modelo de análise que permitisse tal mapeamento e, ao mesmo tempo, mensurasse a representatividade das manifestações nas redes sociais em relação ao efetivo total de policiais no Brasil.

O estudo ainda em execução porém, já foi possível antecipar alguns primeiros resultados.

 

Metodologia

 

Foram coletados dados no Portal da Transparência do Governo Federal e nos seus congêneres estaduais e do DF. Os dados estão
sendo tabulados e, em breve, serão divulgados no Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Para esta primeira divulgação, no entanto, foi construída uma amostra de 885.730 policiais para que fosse possível estimar quantos policiais possuem redes sociais e, com isso, estimar o percentual de precisão das análises das informações extraída dessas últimas.

Para a seleção dos perfis de profissionais de Segurança, foram realizados os seguintes passos:

Extração de 2.893.101 comentários em pautas de Segurança Pública e em grupos relacionados a profissionais da Polícia Militar, Civil e Federal nas redes;

Obtenção de dados dos internautas responsáveis pelos comentários, bem como informações de emprego;

Limpeza e filtro de menções de internautas que apresentaram cargos em corporações de Segurança: Polícia Militar, Civil e Federal;

Análise de checagem/autenticação de 879 perfis de profissionais de Segurança para confirmar seus respectivos vínculos com as polícias citadas.

 

Interação com ambientes virtuais bolsonaristas

O estudo verificou que na Polícia Militar, 35% de oficiais e 41% de praças interagem na internet com ambientes bolsonaristas. A média de presença da população ativa nas redes sociais em ambientes ligados ao bolsonarismo foi de 33%.

Já na Polícia Civil, foi registrado 7% de delegados e 10% de agentes de outros cargos da PC em atividade de interação em
ambientes ligados ao bolsonarismo.

Na Polícia Federal, entre os delegados, foi constatado que 12% interagem com ambientes bolsonaristas e 13% de profissionais de outras carreiras da PF também tem registro de atividades em ambientes que apoiam o atual presidente.

Um dos destaques do estudo é que 83% dos profissionais não apresentaram interação em nenhum ambiente politizado.

O assunto mais falado pelos policiais militares nas redes, com 49% de incidência, é sobre política institucional, seguido por discussões sobre questões LGBTI, com 24%.

O estudo completo pode ser lido aqui.